O quão incrível é conhecer o passado e o
presente de alguém através de algumas páginas?
A escritora inglesa Rosamunde Pilcher sabe
muito bem como nos transportar a outra dimensão quando o assunto é reflexão. Em
“Os Catadores de Conchas”, sua escrita descritiva e detalha pode até ser um
pouco cansativa, mas, se o leitor se entregar, pode se tornar apaixonante. A
partir de certo momento, é impossível não se ver preso à realidade de cada
personagem, principalmente a da inglesa Penélope Keeling.
Penélope, uma senhora de 64 anos, vive
sozinha numa casinha da Inglaterra. Apesar de já sofrer com a idade, mostra-se
hábil e encantadoramente feliz. É com seu querido jardim e sua inconfundível simplicidade
que mantém uma vida prática e agradável. Entretanto, guarda algo precioso em
seu coração, preciosidade esta que muitos, inclusive seus três filhos,
desconhecem.
Filha de um famoso pintor já falecido, ela
contém histórias e momentos inesquecíveis para contar, não apenas por ser filha
de Lawrence Stern, mas por ter vivido durante a guerra, por ter sido mãe jovem,
e, principalmente, por conhecer o sentimento que somente os que já se
apaixonaram perdidamente conhecem.
São com profundas lembranças e idas ao passado
das personagens em meio a variadas experiências atuais, que Rosamunde nos
permite conhecer intimamente a senhora Keeling, sua família e amigos. Ao
contrário de muitos, a autora surpreende ao conseguir descrever detalhadamente
algumas das fraquezas e sentimentos ruins que estão tão presentes na
sociedade.
Uma
vez que se conhece Penélope não há como não refletir sobre nossos atos e o
redemoinho de emoções e acontecimentos que é nossa vida. “Os Catadores de
Conchas”, com suas 697 páginas, conseguem nos impressionar com a habilidade em
“desenhar” o ser humano, seus desejos, suas dúvidas, ganâncias e sentimentos.